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Dissertações (2005) 

 

Da Labuta Para a Conquista da Terra aos Labirintos da Sojicultura: Um Olhar sobre o Assentamento Rio Paraíso, em Jataí (GO)

Autor (a): Rosália Teressinha KATZER

Data da Defesa: 07/07/2005

Orientador (a): Dr. Manoel Calaça

Resumo:

Os assentamentos rurais brasileiros têm despertado o interesse de pesquisadores da Geografia e de outras ciências afins. Milhares de trabalhadores sem-terra têm, nos assentamentos rurais, esperança de ter acesso à terra e utilizam, para esse fim, estratégias como ocupações ou acampamentos. Porém essa luta não termina com a posse da terra, ela continua em torno da organização da produção para viabilizar a permanência da família assentada. Os assentados tendem, assim, a desenvolver uma produção que associe a possibilidade de consumo interno com a venda no mercado, como, por exemplo, a cultura do feijão, do milho, do arroz. Observou-se, entretanto, em assentamentos rurais da microrregião do Sudoeste de Goiás que, além da pecuária, há uma tendência ao desenvolvimento de uma agricultura voltada para a produção de grãos, especialmente de soja. Tal fato, na perspectiva de assentamento rural, torna-se instigante, uma vez que a soja é uma cultura produzida para atender à demanda do mercado e, por isso mesmo, raramente utilizada no consumo interno. Nesta pesquisa, essas, questões pertinentes ao problema da luta pela terra, foram investigadas a partir de um estudo de caso cujo objeto empírico é o Assentamento Rio Paraíso, localizado no município de Jataí (GO). Para tanto, buscou-se apreender a trajetória de luta e a organização da produção agropecuária do Assentamento Rio Paraíso no contexto de expansão da fronteira agrícola na microrregião do Sudoeste de Goiás, mais especificamente, no município de Jataí, a partir da década de 1970. O desenvolvimento de uma agricultura que utiliza máquinas e insumos industriais para produzir culturas voltadas para o mercado de exportação em grandes propriedades de terra levou trabalhadores rurais a deixarem o campo. Sem perspectiva de manterem-se na cidade, esses trabalhadores optaram por ingressar na luta pela terra, no intuito de conquistar um pedaço de chão e a ocupação que resultou no Assentamento Rio Paraíso é, naturalmente, conseqüência dessa conjuntura. Após um longo período de acampamento, com idas e vindas, parte dos ocupantes conquistou a terra e, na continuidade da luta, buscou desenvolver a pecuária e também, gradualmente, uma agricultura voltada para a produção de grãos de soja e milho. As circunstâncias e os fatores que, de acordo com os dados obtidos neste trabalho, contribuíram tanto para o desenvolvimento da pecuária quanto para expansão da sojicultura, revelam que o Assentamento Rio Paraíso não é um espaço isolado, mas reflete a estrutura produtiva predominante do seu entorno. Para realizar este estudo, foram percorridos os seguintes caminhos: levantamento de dados no INCRA, no IBGE, na CPT, em periódicos regionais; aplicação de questionários; coleta de depoimentos orais. Espera-se que os resultados obtidos possam, futuramente, contribuir com outros estudos que tenham como alvo a luta pela terra.

Palavras-chave: fronteira agrícola; luta pela terra; assentamentos rurais; pecuária; sojicultura