2011 ubiratam
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“Marca d’água” – O ser e o existir do rural no espaço metropolitano de Goiânia Autor (a):Ubiratam Francisco de Oliveira Orientador (a): Celene Francisco de Oliveira Data da defesa: 31/05/2011
Resumo:
Este trabalho de pesquisa enfoca o processo de metropolização de Goiânia tendo como objeto de análise o rural na cidade. A forma como Goiânia foi concebida na concepção de “Cidade-Jardim” trazida da Europa do início do Século XX, pelo Arquiteto Urbanista Atílio Corrêa Lima, expressa bem a relação da cidade com o rural. Goiânia, uma cidade planejada sob a égide da modernidade, ocupada inicialmente pela sociedade agrária do território goiano, da tradição rural de seus sujeitos, da cultura, do jeito de ser e agir do sertanejo do Cerrado Brasileiro. A concepção de Cidade-Jardim buscou a aproximação do campo com a cidade, dos modos de vida rural e urbano para justificar a criação de uma cidade carregada de signos da modernidade, do avanço e do progresso que iria proporcionar o fim do “isolamento” de Goiás em relação à sociedade urbana industrial do Sudeste Brasileiro. Assim, Goiânia deveria, ao mesmo tempo, expressar sua forte relação com campo, mas também, paradoxalmente, negar o modo de vida rural ao qual se sujeitavam os habitantes de Goiás. Rural e urbano passam a ser mais que dicotomias espaciais para se tornarem dicotomias socioeconômicas, o lugar do “atraso e da estagnação” deveria ser substituído pelo lugar do “avanço” e do progresso econômico e social. Esse conflito materializa a hegemonia do capitalismo industrial sobre o território goiano e Goiânia é a marca dessa hegemonia. O símbolo da modernidade que chega no Centro-Oeste brasileiro para abrir as portas da região para o progresso. Porém, o processo de metropolização se deu de forma rápida e proporcionou um “descompasso” entre tempo, espaço e sujeito. Com significativas mudanças estruturais no espaço que inseriram os sujeitos rurais do tempo lento à vida urbana do tempo rápido, teve como conseqüência o surgimento de uma metrópole com sua malha urbana carregada de rugosidades que expressam a existência do rural na cidade. Rural, este, que se manifesta na forma, na estrutura e na função desses espaços na cidade tendo como agente constitutivo o sujeito rural com sua técnica e força que os caracterizam como trabalhadores e trabalhadoras rurais na divisão social do trabalho. A relação do rural com Goiânia e de Goiânia com o rural se expressa de forma peculiar e que necessita de um olhar atento como o olhar que necessário para enxergar um carimbo marca d’água que, às vezes, necessita do contato corporal e do tato para ser desvendado. Dessa forma a Geografia pode contribuir no debate sobre as relações cidade-campo, urbano-rural e cidade-rural, bem como campo-urbano que buscam compreender os fenômenos sociais do “novo rural” e das novas “ruralidades” na sociedade contemporânea tendo essa pesquisa como um dos referenciais bibliográficos.
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